COMO PESCAR CARAPAUS eles ja estao por ai em alguns pesqueiros

  [size=32]COMO [/size][size=32]PESCAR CARAPAUS [/size]

Sempre que se prepara uma saída de pesca o pensamento do pescador é, em geral, o da captura de grandes peixes, com resultados qualitativos e quantitativos dignos de proporcionarem longas e repetidas conversas com os amigos.  

Contudo, há dias que, apesar de à partida parecerem muito promissores, acabam por se revelar discretos. Muitas vezes esses dias são "salvos" pelo aparecimento massiço dos carapaus, cuja pesca tem especial interesse pela quantidade de exemplares susceptíveis de ser capturados em curto espaço de tempo.

O carapau é um peixe que tem muitos apreciadores, embora poucos pescadores lhe dediquem atenção exclusiva, salvo nas épocas do aparecimento dos grandes cardumes, em especial no Verão.

O carapau pertence á família Carangídeos, á qual pertence também a palmeta (Lichia amia), o peixe piloto (Naucrates ductor) e a palombeta (Trachinotus ovatus), entre outros.

Os carapaus são peixes cuja linha lateral arqueada é formada por uma sucessão de grandes escamas que constituem um autêntico escudo ósseo. Além do carapau-branco (Trachurus trachurus), podemos encontrar nas nossas águas continentais mais duas espécies, o carapau-negrão (Trachurus picturatus) e o carapau-do-Mediterrâneo (Trachurus mediterraneus). Nas águas da Madeira existem duas espécies, o carapau-branco e o carapau-negrão. Quanto aos Açores, embora abundante, nas suas águas só o se encontra o carapau-negrão.

A nossa atenção vai para as duas espécies mais frequentes nas nossas águas, o carapau-branco e o carapau-negrão.

O primeiro, também conhecido no continente por carapau, carapau-vulgar e carapau-de-orelhas, quando é grande chama-se chicharro ou chicharro-branco e quando é pequeno denomina-se vulgarmente jaquinzinhoou plim, (em abono da preservação da espécie, a medida mínima legal de captura são os 15 cm). Na Madeira chamam-lhe chicharro-xaréu. Tem uma linha lateral larga, com 66 a 75 grandes escamas, as barbatanas peitorais ultrapassam a curvatura da linha lateral e tem uma mancha negra no bordo superior do opérculo. Pode atingir 45 cm e vive entre os 10 e os 500 metros de profundidade.

O carapau-negrão, apresenta o corpo mais alongado e cilíndrico que a espécie anterior. A sua coloração, mais escura nesta espécie que na anterior, é de um prateado-azulado, lindíssimo quando acabado de pescar. A linha lateral deste é mais estreita que a do carapau-branco, com 93 a 100 escamas e as barbatanas peitorais não atingem a curvatura da linha lateral. Pode atingir 60 cm e vive até 350 metros de profundidade. No continente é conhecido por carapau-francês, carapau-negro, carapau-molar e, quando é grande, chicharro-francês, chicharro-azul, chicharro-negrão. Na Madeira é simplesmente chicharro e nos Açores dão-lhe o nome de chicharro ou charrinho, quando é pequeno, e de carapau quando é grande.

O carapau atinge a maturidade sexual no segundo ano de vida, ocorrendo a reprodução sobretudo nos meses de Verão. Os ovos são pelágicos e muitas vezes os juvenis refugiam-se entre os tentáculos das medusas.

O carapau desloca-se habitualmente em cardumes (todos sabemos que grandes quantidades de carapau são capturadas á rede, na pesca profissional), de maior ou menor dimensão consoante as épocas do ano e a concentração de zooplancton, importante componente da sua dieta alimentar. Possui quase sempre um apetite que facilita a sua pesca à linha.

É um peixe fácil de atrair com um pouco de engodo, tanto na pesca de costa como de barco, podendo ser pescado tanto com iscos naturais como com iscos artificiais. As instalações portuárias e os molhes adjacentes são locais habitualmente muito frequentados por pescadores, utilizando todo o tipo de técnicas de pesca. Neste caso, o melhor período é o nocturno. A iluminação instalada nestas áreas atrai o zooplancton e os carapaus, fazendo com que eles, quer pela acção directa da luz quer pela presença da comedia, não abandonem a zona.

Nestas circunstâncias, os carapaus encontram-se perto da superfície pelo que podem ser pescados á bóia, com bóia luminosa, e linha com um ou mais anzois colocados à profundidade a que o peixe se encontra. Os iscos utilizados podem ser os mais variados (ganso, minhoca, pedacinhos de lulas etc.), já que o carapau não costuma ser muito esquisito.

Contudo, é conveniente utilizarem-se iscos resistentes como as pontas dos tentáculos das lulas, que melhor resistem aos ataques dos carapaus, evitando que após cada captura se volte a iscar o anzol. Esta técnica de pesca tem um apreciável número de aficcionados que, nas quentes noites de verão, não perdem o ensejo de desfrutar de um bom convívio com outros pescadores e de fazer uma noitada aos carapaus que tão saborosos serão no almoço do dia seguinte.

Ainda a partir da costa temos por diversas vezes apanhado grandes carapaus quando corricamos aos robalos com amostras de borracha. Esta técnica consiste em lançar uma bola de água ou chumbada, conforme se pretende corricar á superfície ou perto do fundo, seguida de um estralho com cerca de 2,5m que termina numa pequena amostra flexível.

Para aumentar a eficácia destas montagens, com vista á captura de carapaus, pode o estralho ser constituído por uma "mitraillette" de 5 ou 6 anzóis, á qual sucede uma daquelas amostrinhas flexiveis Raglon ou Yo-Zuri.

Mas, é na pesca de barco que as montagens para o carapau demonstram toda a sua eficácia. O carapau pode, como já referimos, amenizar um mau dia de pesca. É frequente, quando se pesca de barco, ocorrerem momentos de menor actividade do peixe que á partida se pretendia pescar, compensados com os ataques dos carapaus ás iscadas dedicadas aos outros peixes.

É então altura de colocar a montagem para o carapau. Trata-se de um pequeno aparelho com 5 a 8 anzóis cujos estralhos estão ligados á linha principal (madre). Estes anzóis estão decorados com filamentos coloridos, penas, imitações em borracha de pequenos peixes, etc. A sua utilização, pode efectuar-se com ou sem o recurso a iscos naturais.

Quando a concentração de carapaus no pesqueiro é grande e estão dispostos a morder, basta deixar cair a chumbada, que arrasta a montagem para o fundo, e fazer alguns movimentos verticais para que aquela se torne bem notada e animada de movimento. Os carapaus, vão-se atirando á montagem e ficando presos nos anzóis, sendo comum deixar-se que a montagem tenha todos os anzóis ocupados antes de recolher a linha, trazendo á superfície 5 ou 6 carapaus de cada vez. É frequente conseguir-se encher uma arca térmica num curto espaço de tempo.

Obviamente que para obter bons resultados é necessário escolher a decoração dos anzóis, tanto na coloração como na forma, não exagerando no seu tamanho. Em nossa opinião, e sem prejuízo das indispensáveis experiências no local, as montagens com decoração esverdeada são muito eficazes na maior parte dos dias, contudo não há receitas infalíveis.

Para aumentar a capacidade atractiva destas montagens para o carapau, podem guarnecer-se os anzóis com rabinhos de ganso, com pequenos filetes de cavala ainda com pele, tirinhas ou tentáculos de lula. Estes últimos, pela sua textura resistirão algum tempo até ser necessário iscar novamente o anzol, evitando-se assim paragens desnecessárias.

Á noite, a pesca ao carapau feita de barco requer muita luz. É frequente nas noites de Verão verem-se barcos a pouca distância da costa muito iluminados. São barcos em que se está a pescar carapau. A técnica de pesca é a já referida, tendo em atenção que as montagens devem ser trabalhadas á profundidade a que o peixe se encontra.

Mas, o carapau é também um isco importante na pesca dos grandes peixes de desporto, como as corvinas, os atuns e as douradas, entre outros. Na Primavera, na Madeira e no Porto Santo, os grandes cardumes de carapaus precedem os atuns que lhes dão caça.

Do ponto de vista gastronómico, o carapau é um peixe saboroso e com muitos apreciadores. Todos conhecemos os carapaus assados com molho á espanhola, os carapaus fritos e os "alimados", como se diz no Algarve. É dos carapaus de escabeche que deixamos a receita.

Fritam-se os carapaus e deixam-se arrefecer. Em seguida cobrem-se com folhas de louro partidas aos bocados, alho às rodelas e raminhos de salsa. Á parte, leva-se ao lume azeite com mais rodelas de alho e deixa-se fritar até o alho estar louro. Em seguida junta-se uma boa quantidade de vinagre e deixa-se ferver um pouco.

Após arrefecer deita-se este molho sobre os carapaus dispostos num prato fundo. Servem-se de preferência no dia seguinte.

Montagens de pesca com Bóia Fixa