QUÊM SABE....

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A enguia, anguilla anguilla, de seu nome científico, foi sempre muito abundante no nosso rio, mas não sei se ainda o é. O seu ciclo de vida começa no mar dos Sargaços, desovando em profundidade, julgando-se que esse acontecimento se prolonga de Janeiro a Julho, com o seu máximo em Março. Agora vejam esta coisa maravilhosa, ainda nessa sua forma larvar de leptocéfalo empreende uma migração até ao nosso continente, a qual dura de um a dois anos e meio. Quando aí chegam, ao chamado talude continental, já têm cerca de 7 cm e sofrem uma metamorfose, tornando-se anguiliformes, vulgarmente conhecidas como meixão ou enguias de vidro (por serem transparentes), as quais, quando entram nos estuários dos nossos rios, tornam-se objecto de incontrolada cobiça para os pescadores clandestinos que as vendem ao preço do ouro no mercado espanhol. Essa entrada nos estuários, parece que ocorre ao longo de todo o ano.

Dos estuários, as enguias sobem os rios, tendo já as características da enguia-amarela (e não dos elvers, meixões ou angulas). No rio as fêmeas podem atingir um tamanho excepcional de 1,30 metros, mas um exemplar com mais de 45 cm é, forçosamente uma fêmea, porque os machos não atingem esse tamanho. No rio gostam de leitos adequados à escavação, areias e lodos, ou com uma vegetação densa. Normalmente passam o dia escondidas em buracos, tornando-se activas, em busca de alimento, quando a tarde cai.

Quando atingem a sua fase prateada (na barriga), é sinal que estão preparadas para voltarem ao Mar dos Sargaços para a desova. Contudo, por vezes a natureza prega-lhes a partida e ficam retidas em fundões, impedidas de o fazer. Quando tal acontece, chegam a atingir dimensões espectaculares.